Somos um grupo de mulheres que integram o curso EFA noturno, de diferentes gerações, que vivenciam o 25 de abril de várias perspetivas e que vemos neste espaço do jornal escolar” o Moliceiro” uma possibilidade para contribuirmos com o nosso testemunho e assim marcarmos de forma construtiva esta data histórica.
Fala-se com frequência em cumprir Abril.
Para nós, Abril é mais do que lembrar as lutas pela liberdade, é poder dizer o que pensamos sem medos, é ser livre de falar sem contingências, é ser mulher e não ter qualquer limitação por isso.
Mas, volvidos 47 anos da Revolução, o papel da mulher na sociedade ainda sofre de discriminação em vários domínios. Exemplo disso é a disparidade salarial entre sexos e a não representação feminina nos órgãos executivos das empresas do poder político, a nível local e nacional.
De acordo com as estatísticas nacionais disponíveis mais recentes, referentes à igualdade de género em Portugal, datada de abril de 2015, relativos à diferença salarial, verificamos que os dados persistem em desfavor das mulheres, 16,7% da remuneração média mensal de base e 19,9% no ganho médio mensal, já a presença de mulheres nos conselhos de administração é de 14% e a dos homens é de 86%.
Os dados falam por si. É, pois, crucial que se faça caminho para se cumprir Abril “inteiro” com base no que está assente no primeiro artigo da Constituição portuguesa, que nos diz inequivocamente: “Portugal é uma República soberana, baseada na dignidade da pessoa humana e na vontade popular e empenhada na construção de uma sociedade livre, justa e solidária”.
Abril acontecerá sempre que nos insurjamos contra o esquecimento e reforcemos a vontade de uma maior justiça social, plural…então, os “ganhos” pela igualdade de género, acreditamos, florescerão…e Abril cumprir-se-á.
(Fonte: http://cite.gov.pt/ )
Testemunho da Isabel:
“No dia 25 de abril, de 1974, saí de casa para a escola e deparei-me com um tanque com militares que me deram ordem para voltar para casa. É a recordação memorável que tenho desse dia, a grandiosidade do tanque à porta de casa, o impacto fotográfico dessa imagem e a estranheza de um dia em que inicialmente ninguém sabia ao certo o que estava a acontecer”.
Como é percetível pelo nosso testemunho, enquanto formandas de um curso profissional, a representatividade das mulheres na área de educação tem vindo a evoluir, algo que seria impossível antes da revolução.
Liberdade, é poder sentir sem restrições…
Liberdade é poder ouvir até mais além…
Liberdade é poder ver até ao infinito…
Liberdade é poder gritar até a voz doer…
VIVA o 25 de Abril!
Curso EFA/Nível Secundário “Técnica/o de Ação Educação”
UFCD: Cidadania e Profissionalidade
Formandas: Paula Pais; Maria Rodrigues; Lurdes Dias; Mariana da Paula; Mariela Drumond; Isabel Silva
Formadora: Mariana Correia