Filipe Melo, músico, realizador de cinema e autor de banda desenhada, tirou a tarde de ontem para conviver com reclusos do estabelecimento prisional de Aveiro. Foi um dia diferente para todos. «Interessam-me as histórias das pessoas e cada um de vocês deve ter uma história de vida fascinante», disse na biblioteca, forrada de estantes construídas por presos de Paços de Ferreira.
Sentados à sua frente estavam cerca de 15 detidos. Nos dias anteriores leram livros e viram filmes de Filipe Melo, para ontem poderem trocar impressões sobre essas obras com quem as concebeu – e sobre as suas vidas na cadeia. Um dos presos, que é o responsável pela biblioteca, contou como recuperou hábitos de leitura atrás das grades. «Sempre gostei de ler mas perdi esse hábito. Uma situação da minha vida trouxe-me para aqui e vim trabalhar para a biblioteca, o que foi ótimo para mim», disse a Filipe Melo.
Além de voltar a ler, na prisão ganhou outros interesses: escreve, pinta e faz colagens. E ainda, graças à parceria com o Agrupamento de Escolas de Aveiro, evoluiu na sua escolaridade. Tudo somado, «tem sido uma excelente maneira de usar o tempo», notou.