Não às MINAS ou sim ao PLANETA?

Não às MINAS ou sim ao PLANETA?

Não às MINAS ou sim ao PLANETA? 807 974 Agrupamento de Escolas de Aveiro

O lítio é um metal alcalino que se encontra no primeiro grupo e no segundo período da tabela periódica. É bom condutor de eletricidade, muito leve, pouco denso e extremamente reativo. Dado à sua alta reatividade, não é possível encontrá-lo no estado puro, sendo mais comum na forma de compostos iónicos, como a espodumena, a petalite, a ambligonite e a lepidolite.

O lítio é muito utilizado nas atividades do dia a dia, participando de uma ampla seleção de setores. Este facto é um dos motivos que contribui para o seu alto valor monetário e, consequentemente, para a sua alta procura. Algumas das suas utilizações são a fabricação de baterias a partir de iões de lítio, e a produção de constituintes dos pacemakers, de medicamentos psiquiátricos e de produtos cerâmicos. Dos usos anteriormente mencionados, destaca-se a fabricação de pilhas lítio-íodo.

 

O processo de extração do lítio, nas formas de carbonato e de cloreto, mais utilizado é a evaporação de salinas. Este consiste na secagem de salmoura, água saturada de sais, como o carbonato e o cloreto de lítio, extraída a grandes profundidades em recipientes rasos de grandes dimensões. Após a secagem, são acrescentados certos elementos químicos que desencadeiam as reações de precipitação destes sais.

Já a extração de minerais de petalite, espodumena, lepidolite e fosfato de lítio é feita em minas a céu aberto, com equipamento que retira a rocha do solo. Estes compostos sofrem diversas reações até alcançarem o produto desejado, ou seja, carbonato de lítio ou hidróxido de lítio.

Em Portugal, várias localidades estão a ser estudadas com o objetivo de averiguar o rendimento da criação de minas a céu aberto. As mesmas podem ser observadas na figura.

 

As explorações a céu aberto, como indica a GEOTA, Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente e pela Transparência e Integridade, são bastante poluentes para os ecossistemas em redor, afetando-os de diversas formas. As mais relevantes são a destruição e contaminação dos solos, roubando terreno aos residentes, que os usariam para cultivo ou para outras atividades, e a descaracterização da paisagem. A própria escavação do solo pode levar a problemas envolvendo a dinâmica geológica local, como à fragilização dos solos e à deposição de sedimentos subterrâneos, levando à obstrução de lençóis de água, além dos resíduos criados tanto pelos trabalhadores como pelas máquinas usadas. Segundo o artigo de Rodrigo Neto, médico assistente da Faculdade de Medicina da USP, também existem riscos humanitários associados a esta exploração, visto que o lítio, sendo um metal pesado, pode contaminar as águas subterrâneas, levando à sua ingestão e causando intoxicação. Os sintomas podem variar, desde náuseas, vómitos e fadiga, na ocorrência de uma intoxicação leve, a convulsões, coma e colapso cardiovascular, em casos de intoxicação severa.

Por outro lado, a exploração deste metal pode trazer benefícios que têm o potencial de exceder os efeitos negativos. De acordo com o relatório elaborado pela Universidade do Minho, é previsto que a extração de lítio da Mina do Barroso, mina que contém a quantidade mais significativa de espodumena na Europa Ocidental, pela Savannah, empresa de prospeção e desenvolvimento mineiro, contribua com 110,2 milhões de euros em média, por ano, contabilizando 1212 milhões de euros ao fim dos 12 anos de produção e criando 500 postos de trabalho diretos e 1300 postos indiretos, em, por exemplo, refinarias de lítio. Esta operação também iria impulsionar a ambição portuguesa para atingir a neutralidade carbónica e aumentar a relevância do país na economia europeia, estabelecendo uma oportunidade de crescimento do PIB nacional.

É importante referir que os processos de reciclagem de pilhas de lítio estão a ser desenvolvidos com o intuito de reduzir a pegada ecológica. Embora processos de reciclagem de baterias de lítio já existam, estes são muito pouco lucrativos e apenas 3% das baterias e 1% do lítio são reciclados a nível global. Contudo, de acordo com um artigo da página Greensavers, um grupo de investigadores da Universidade Norueguesa de Ciência e Tecnologia, vencedor do prémio Nobel da Química em 2019, está a colaborar com empresas de automóveis elétricos para desenvolver um método que permite a reciclagem do lítio em percentagens muito elevadas através de um processo de hidrometalurgia. Segundo Sulalit Bandyopadhyay, pós-doutorado no departamento de Engenharia Química da NTNU, uma reciclagem de valores próximos de 100% de lítio será possível, o que pode fomentar a importância do lítio como componente de baterias e de outros aparelhos eletrónicos.

Tendo em conta todos os aspetos relacionados com esta questão, é difícil ter uma opinião sólida. Por um lado, a não aprovação das minas, permitiria às famílias permanecer nas suas casas e aldeias, e a paisagem seria preservada, todavia, em contrapartida todos os benefícios deste chamado “ouro branco” seriam desperdiçados. Por outro lado, se a exploração for aprovada, Portugal ganhará muito mais poder económico e, visto que as baterias de lítio não são poluentes, também dará um passo em direção à neutralidade carbónica. Acrescentando a possível e inevitável invenção de um método de reciclagem em massa deste material tão precioso, a nosso ver, os aspetos positivos têm um peso superior aos negativos. Por mais que seja devastador para comunidades inteiras, tanto animais, como vegetais e humanas, aos nossos olhos, olhos de pessoas que desejam proteger o futuro do planeta nem que seja pelo preço de males menores, a exploração do lítio será um grande e essencial passo para o futuro deste país, talvez até tornando-o pioneiro neste setor.

Autores: Gonçalo Pato*, Tiago Oliveira*

* Estudante do 12º B (opção de Química) da Escola Secundária Homem Cristo

** Estudante do 12º A (opção de Química) da Escola Secundária Homem Cristo

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