O ano de todos os desafios ou do reunir das tropas
Eis o esboço do novo ano letivo 2020-2021
Agora, temos que saber estar preparados, já não podemos ser surpreendidos. Estamos todos na mesma tempestade, mas não estamos todos no mesmo barco!
A preparação do início do próximo ano letivo tem merecido a cuidada atenção por parte do nosso Agrupamento de Escolas.
Estamos a trabalhar afincadamente na sua preparação, em respeito pela real ameaça do vírus na saúde publica e na aplicação rigorosa, racional e exequível, de medidas organizativas (pedagógicas e de instalações). Todos compreenderão que, neste contexto, o que já é sempre difícil, sê-lo-á ainda mais e com regras e critérios ainda mais rigorosos e apertados, nomeadamente na construção de horários e respetivas manchas de ocupação, alocação/utilização de espaços e regras sanitárias adequadas.
Temos de combater e equilibrar/mitigar os cenários de desigualdade social que a pandemia trouxe ao ensino e ao ato educativo formal pela forma como teve de acontecer no final do ano anterior na modalidade E@D.
Recusamo-nos a olhar a escola como uma entidade assética. São as pessoas o seu núcleo, e este pressuposto e convicção vai muito além do que os normativos e orientações podem delinear e dar indicações. Esse é o nosso princípio de base: a escola é uma organização viva. De pessoas, com as pessoas, para as pessoas.
Há todo um conjunto de preocupações e sugestões sobre a organização do ano letivo, para garantir o bem-estar de todos, minimizar o risco perante a situação de saúde pública que vivemos e prevenir eventuais situações que poderão surgir.
Temos a noção de que um novo confinamento geral teria sérias consequências para a saúde psicológica, emocional e física das nossas crianças, bem como questões sociais e familiares a que precisamos de estar atentos.
A preocupação das famílias quanto à possibilidade de contágio nas escolas, exige-nos todo o cuidado e serenidade de análise global do contexto de vida das crianças/jovens e das famílias, dos docentes e AO/AT, pois a questão da segurança não se confina aos espaços escolares, mas antes a toda a comunidade.
Assumindo, de acordo com o que dizem os especialistas, que a 2a vaga será uma inevitabilidade, é crucial estarmos preparados para controlar o risco inerente e resolver com segurança e pelo melhor as eventuais situações que surjam.
As melhores soluções só se conseguem com todos envolvidos e, só assim, serão as mais adequadas para cada comunidade. Soluções que serão certamente diferentes de escola para escola e de concelho para concelho (avisa-nos a prudência que não devemos cair na comparação fácil e ligeira entre instituições escolares), mas a organização dos espaços, dos tempos e dos recursos têm de ser percebidos e ajustados por todos, particularmente pelas famílias de cada uma das escolas. Todos teremos de ser agentes de saúde publica. Sem alarmismos, sem medos irracionais, com resiliência e tenacidade. Com cautelas, todas as cautelas, e muita consciência cívica.
No conhecimento de diversas situações em que algumas escolas ponderam organizar o seu funcionamento em desdobramento de horários, numa falsa transmissão de segurança às famílias, para este AE os horários duplos serão a regra, nomeadamente para o pré escolar, 1o e 2o ciclos, pois são aqueles que melhores medidas de acompanhamento garantem aos alunos e ao apoio às famílias para acompanhamento dos filhos, pois, caso contrário, estes estariam uma parte do dia sozinhos, já que a maioria das famílias tem um horário de trabalho durante todo o dia.
Nos restantes ciclos, procedeu-se ao ajuste da grelha horária, de modo a estender ao longo do dia as atividades letivas curriculares (8:35h – 18:30 h), promovendo horários de entrada e saída desfasados. Os 12oos anos (7 turmas), pela sua acrescida maturidade e autonomia, bem como pela experiência que já têm e que lhes adveio do Ensino presencial que tiveram de frequentar na sua preparação para os Exames Nacionais, terão preferencialmente a sua ocupação no período da tarde, na ES Homem Cristo. Idem para os 7o, 8o e 9o anos (12 turmas) que funcionarão na EB 2 3 João Afonso.
Os 5o e 6o anos (21 turmas), na EB João Afonso, funcionarão preferencialmente no período da manhã, tal como os 10os anos na ES Homem Cristo (7 turmas). O 11o ano (8
turmas), quer pela sua elevada carga curricular quer pela urgência em recuperar e consolidar aprendizagens (quando se iniciar o ano letivo novo, estes alunos, que frequentaram no ano anterior o 10o ano, estiveram ausentes do ensino presencial durante 6 meses) verão o seu horário repartido por manhã e tarde.
Desde 13 março, neste trabalho de persistência, com convicção e sem pausas, o AEAveiro:
– Não decidiu pela solução mais fácil, descartando o problema para as famílias. Planear com turnos duplos o ano 20-21 (manhã ou tarde) seria no nosso contexto e circunstâncias especificas um erro. Seria não perceber e precaver onde vão estar as crianças na outra parte do dia. Caso contrário, a situação não estará sob o controlo, por muito que dentro da escola possa estar.
Importa garantir que o regresso à escola presencial, como todos desejam, seja efetivamente um regresso saudável ao nível físico, pedagógico, psicológico e emocional, o que só pode acontecer se verdadeiramente existir um plano, em comunidade, que garanta o controlo sanitário das comunidades. Por isso, este é o momento de afirmar a autonomia das escolas com coragem e com sentido de responsabilidade educativa e social. As crianças não podem ficar sozinhas, as famílias não poderão abandonar os seus trabalhos, a maioria trabalha todo o dia, pelo que a solução tem de surgir do coletivo e em parceria com a rede local.
Por isso insistimos na necessidade de se envolver toda a comunidade neste planeamento do próximo ano letivo. Um planeamento que encontre as melhores soluções em comunidade, com as escolas, as famílias, as autarquias e outras entidades parceiras, que possam articular o tempo com as aprendizagens e o desenvolvimento socioeducativo das crianças e jovens. Há outras soluções que minimizam o risco e favorecem as aprendizagens, sem agravar as condições de vida das famílias. Falamos, por exemplo, do ensino misto a partir do secundário ou, se necessário, do 3o ciclo. Estes cenários, obviamente indesejáveis, também já estão pensados em plano B.
– Confirmamos que o tempo de escola no 1o ciclo é o que está previsto na lei, ou seja, até às 17h30.
– Organizámos horários mais prolongados, para facilitar a gestão de espaços e o desfasamento dos horários. Garantimos intervalos.
– Os espaços comuns e os refeitórios terão a desinfeção entre turnos de utilização.
– O ensino misto não está previsto no início, mas poderá ser adotado como solução, de acordo com o desenvolvimento da situação nas escolas e sempre com consonância com o parecer das autoridades de saúde.
– Sobre os planos de intervenção, numa eventualidade de infeção com alguém das escolas, sabe-se que será em coordenação com as delegações de saúde.
– Reforçamos exponencialmente todos os mecanismos de lavagem e desinfeção de superfícies e equipamentos, aquisição e utilização de EPI, máscaras e afins, com racionalidade e bom uso, mas sem restrições. Temos stock generoso. Adquirimos atempada e certificados.
– Demos formação especifica e adequada aos AO e AT
– Criámos circuitos independentes de circulação, acessos, movimentações, devidamente sinalizados
– Alocaremos, tanto quanto possível, cada turma a uma só sala, acautelando, contudo, as salas técnicas e tecnológicas especificas (laboratórios, salas de informática, gabinetes pedagógicos, etc)
– As NEE terão sempre a prioridade para fazerem o trabalho em regime presencial. Mesmo no caso de confinamento profilático de um grupo, serão criadas as condições, em consonância com as famílias e com as autoridades de saúde, para que se possam continuar a desenvolver as terapias especificas de que necessitam e cuja interrupção já
foi bastante prejudicial até aqui.
– As AEC continuarão a ter o seu funcionamento com as necessárias medidas adequadas à situação vigente, ainda que sob promoção do município.
– Sobre o plano tecnológico, cujo projeto anunciado prevê um equipamento para cada aluno e para cada professor que dele necessitem e o manifestem, sabemos das intenções da tutela. Desconhecemos tudo o resto.
Achamos, contudo, que, a acontecer, estes equipamentos devem ser das escolas e disponíveis para quem deles necessitar, o que se procurará garantir.
– Tentaremos acautelar a possibilidade de tempos letivos com intervalos entre atividades. A utilização de máscara (onde tal for obrigatório) implica uma diferente organização dos tempos. Não nos parece razoável que haja tempos letivos demasiado longos e intervalos demasiado curtos. Será mais plausível aumentar a frequência dos intervalos e diversificar as dinâmicas em sala. O brincar e o socializar são elementos fundamentais do processo educativo em contexto escolar formal, sendo tempos e momentos
– Continuaremos a investir no reforço do controlo da etiqueta respiratória e da higienização de pessoas e espaços, bem como na acrescida supervisão por parte dos AO – Evitar os turnos duplos, sobretudo com as crianças mais pequenas, até ao 2o ciclo, e nunca sem o ponderar com as famílias, pois a maioria não tem uma profissão que lhes permita ir à escola a meio do dia.
– Em caso, garantir a possibilidade do ensino misto para o 3o ciclo e / ou secundário, para que os alunos possam ter, alternadamente, aulas presenciais e aulas à distância ou dividir então a turma, alternando a presença dos alunos em semanas intercaladas, com trabalho autónomo orientado na semana não presencial
– Melhorar a comunicação entre direções escolares e as associações parentais e também entre diretores de turma e os encarregados de educação.
– Estabelecer uma comunicação clara e coerente e que sejam devidamente esclarecidas as condições de segurança exigidas pelas autoridades de saúde. Se o “distanciamento físico entre os alunos e alunos/docentes de, pelo menos, 1 metro, sem comprometer o normal funcionamento das atividades letivas”, não é exequível, então assuma-se isso com transparência, para evitar equívocos e intranquilidade nas famílias e nas escolas. O Estado não pode demitir-se das suas responsabilidades. E com a imposição de turmas com 28 alunos, tal não será possível.
Sabendo que a descentralização da Educação no Concelho de Aveiro, vulgo Municipalização da Educação, será uma realidade a partir de 1 setembro 2020, e em consonância com a legislação em vigor sobre a matéria, nomeada e particularmente o DL no 21/2019, de 30 janeiro:
– Está articulado com a autarquia, um plano de Transportes escolares que proporcione aos alunos a deslocação em segurança.
– A alimentação será também da responsabilidade do Município, pugnando-se por um plano de refeições exequível, que garanta a qualidade da alimentação, nos mais que prováveis vários períodos de refeição. O serviço de takeaway não será implementado. Não faz sentido.
– Também para a responsabilidade municipal passa a gestão e afetação laboral dos Recursos Humanos. Importa urgentemente repor os rácios prescritos e legislados, para uma boa concretização das necessidades inerentes à situação. O município, alertado, mostrou total empenho na reposição de rácios, algo que a tutela sempre empurrou. Confiemos, portanto.
– Será indispensável garantir os recursos adequados. Reforço de AO e das necessidades de substituição de docentes e não docentes sempre que necessário e considerando a premência das condições de segurança exigidas pela atual situação terá de ser um mecanismo célere e eficaz.
– Também da responsabilidade municipal, o apoio às famílias CAAF, AAF e AEC, está assegurado e contratualizado/protocolado, para que os filhos não fiquem abandonados quando saem, ou antes de entrarem na escola
– Pugnaremos pela garantia de condições técnicas e tecnológicas para quem, em caso, tenha de ficar em confinamento profilático e nas escolas para que possam continuar a desenvolver trabalho à distância, quando necessário.
– Garantir as condições necessárias para as crianças /jovens em perigo e para as NEE, inclusive no caso de confinamento. Neste caso em particular, está acautelado em cada uma das nossas escolas, um espaço com condições para que o trabalho com estas crianças não seja interrompido em caso algum.
– Estamos a trabalhar e está quase ultimada a versão final, dum documento novo sobre Critérios de Avaliação, (Plano de Ação para a “Avaliação (Interna) das e para as Aprendizagens dos Alunos”), fundamental para que se possa evoluir no sistema de avaliação e para que se constitua como um instrumento pedagógico e de melhoria das aprendizagens, com enfoque na avaliação formativa e no feedback das aprendizagens essenciais. Este documento será entregue aos pais/EE nas reuniões de receção e explicitado aos alunos nas primeiras aulas do ano letivo
Estamos bem cientes do momento que o país atravessa e das implicações que a pandemia teve e tem na educação e na sociedade. Compreendemos a grave situação socioeconómica das famílias e do país, conforme nos mostram os dados e, por isso, assumimos com responsabilidade a necessidade de voltarmos à atividade também nas escolas. Estamos conscientes do que representa para a saúde (física, social, psíquica e emocional) das famílias a atividade escolar, bem como temos presente as implicações sociais e familiares da queda acentuada do PIB (superior a 16% no 2o trimestre de 2020), pois não esquecemos o impacto da última recessão, com uma queda do PIB anual próxima dos 4% anuais. Percebemos os riscos, mas percebemos também a segurança do seu controlo e mitigação. Só assim será possível confiar e assumir o compromisso, todos e cada um, de contribuirmos para que tudo possa acontecer, minimizando eventuais imprevistos e sem alarmismos desnecessários.
Queremos contribuir para evitar ruído desnecessário que só agrava a condição de risco nas escolas e nas famílias. Estamos atentos à realidade da situação e empenhados em garantir a segurança de todos e a minimização do risco que sabemos existe e é inevitável nas atuais condições de saúde publica. Mas a saúde não se garante só dentro das escolas, é preciso que toda a comunidade esteja envolvida, devidamente informada e, consequentemente, com confiança entre si!
Explicar as medidas gera confiança.
Sem dissimulações, temos de, em conjunto, envidar esforços para que tenhamos o ensino presencial com a garantia das condições que a situação exige.
Como afirmamos antes, desejámos um regresso saudável ao nível físico, pedagógico, psicológico e emocional para todos. Tal desejo só será concretizável, de forma segura e serena, se todos forem envolvidos, perceberem claramente a informação que lhes é dada e derem o seu contributo pessoal e coletivo. Caso contrário, corre-se o sério risco de, após o início do ano letivo, termos um descontrolo dos acontecimentos com a necessidade de confinamento profilático, o que terá consequências nefastas incalculáveis para todos e particularmente para o futuro das crianças e dos jovens.
Agora, temos que saber estar preparados, já não podemos ser surpreendidos.