O LÍTIO: UMA BALANÇA DESEQUILIBRADA?

O LÍTIO: UMA BALANÇA DESEQUILIBRADA?

O LÍTIO: UMA BALANÇA DESEQUILIBRADA? 1200 390 Agrupamento de Escolas de Aveiro

A exploração do lítio é cada vez mais um tema de debate por ser quase indispensável para o desenvolvimento económico de um país e ao mesmo tempo muito prejudicial quando se fala da sustentabilidade ambiental. De que forma isto nos pode afetar? De que forma é possível equilibrar estes dois aspetos?

O lítio é um metal alcalino que apresenta um grande poder redutor e um baixo potencial-padrão de redução que facilita a oxidação. Apresenta uma densidade baixa, uma grande capacidade de armazenamento de energia, um ponto de fusão elevado (180,5ºC) e uma boa condutividade elétrica, dada a sua estrutura a mobilidade doseletrões deslocalizados presentes no metal permitem uma fácil passagem da corrente elétrica. Pelascaracterísticas elencadas anteriormente, este metal é bastante procurado para pilhas, na produção de baterias (para carros elétricos, telemóveis…), para sistemas de ar condicionado e na indústria de cerâmica.

A estratégia de exploração do lítio no país, aprovada em 2018, está a ser alvo de grandes críticas, tanto pelos prejuízos ambientais e sociais que causa, como pela dúvida da sua viabilidade económica, principalmente, nas regiões afetadas, que são: Covas do Barroso e Murça (Vila Real), Arga (Viana do Castelo), Almendra (Guarda) e Portalegre.

Os impactos ambientais do lítio ocorrem sobretudo durante a fase de extração em minas a céu aberto, causando deterioração do solo e destruição da paisagem, provocado pelo movimento das máquinas e escavações. Importa também salientar o impacto nefasto na conservação da fauna e da flora, e nas implicações nodesenvolvimento das comunidades locais.

As populações e o património natural, que é um bem comum, devem de ser intransigentemente protegidos.Qualquer opção que provoque a destruição de recursos insubstituíveis, ou a destruição de comunidades, éinaceitável, independentemente de qualquer estratégia ou justificação que lhe possa estar associada, pois os fins não devem justificar os meios.

Muitos destes problemas podem ser mitigados mas, o impacto final dependerá sempre de uma combinaçãoda sensibilidade do local, da qualidade da gestão ambiental dos empreendimentos e das soluções posteriormenteutilizadas.

Os atuais métodos utilizados na extração de lítio podem ser aperfeiçoados, pois existem medidas que permitem diminuir os impactos negativos, tais como: a utilização de cortinas arbóreas tendo como intuito minimizaro impacto visual e também as poeiras causadas, a reciclagem da água utilizando um circuito fechado, a fim de não haver descargas para as linhas de água que abastecem as populações, e reduzir as pegadas, através dodesenvolvimento de tecnologias que melhorem a transferência do minério do local de extração para a UnidadeIndustrial.

A exploração do lítio é sem dúvida muito benéfica para o nosso país a nível económico, permitindo oaumento do PIB (produto interno bruto), uma vez que possibilita a criação de empregos, diretos e indiretos,desenvolvimento de negócio para empresas locais já existentes ou criação de novos negócios, servindo tambémcomo catalisador para um programa de larga escala de desenvolvimento industrial baseado na exploraçãosustentada de recursos naturais.

Embora Portugal seja um dos países, a nível mundial, com maiores reservas deste metal, o lítio português pode não ser suficientemente competitivo num mercado global, onde existem vários produtores consolidados com acesso a reservas a custos de produção mais baixos.

Preços competitivos noutros países podem ser um obstáculo e a mobilidade sustentável não se garante apenas pela substituição direta do automóvel convencional pelo elétrico até porque atualmente o carro elétrico é menos rentável e, portanto, a população acaba por optar pelo carro convencional sendo este mais rentável, masmais prejudicial para o ambiente.

Pelas suas caraterísticas e múltiplas utilizações, o lítio é um investimento tentador. Assim sendo sãonecessárias medidas para garantir o desenvolvimento económico, como por exemplo, estabelecer um plano de ação para a contratação de trabalhadores locais (do município e da região envolvente), acompanhado de um planode formação para garantir a aquisição das competências necessárias que assegurem a correta operação da mina e promovam a diversificação da economia, incentivando o desenvolvimento das indústrias extrativas no país para melhor aproveitar o potencial de recursos disponíveis. A transformação das indústrias extrativas nas últimas duasdécadas torna na atualidade este tipo de atividades mais seguras e sustentáveis.

No nosso ponto de vista, a exploração não deverá avançar se não for possível garantir que a mesma se fará de forma responsável e sustentável. Para nós a chave para resolver a problemática da exploração do lítio, seria procurar um equilíbrio entre a sustentabilidade e o desenvolvimento evitando esgotar as suas reservas. Serianecessário investir em novas tecnologias para substituir este recurso assim como formas de o regenerar.

A solução que daríamos passaria por fazer a reciclagem do lítio. De acordo com um estudo em 2021 realizado pela Universidade da Califórnia de San Diego, foi possível recolher partículas dos cátodos usados em baterias de lítio, pressurizá-las numa solução de sais de lítio, aquecê-las a 800 graus e arrefecê-las lentamente. Oresultado final foram cátodos (componente essencial para o funcionamento de uma bateria) que trabalhavam comonovos, com a mesma capacidade de armazenamento e a mesma velocidade de recarga. Este processo permitiu dar uma nova vida a estas baterias, tendo um custo muito inferior, sendo aproximadamente metade do valor dosprocessos já existentes para reciclar baterias de lítio. Assim seria possível conservar as reservas minerais destemetal e ainda reduzir o impacto ambiental da sua constante exploração.

Em conclusão acreditamos que este é um tema merecedor de debate e esperamos que com esta nossa exposição contribuir para incentivar a reflexão sobre o tema. Será preferível apostar na exploração ou em novas tecnologias? Quanto tempo teremos até este recurso se esgotar?

Autoras: Bruna Matos*, Diana Moita*, Joana Morgado*, Marta Condeço*

*Estudante do 12º C (opção de Química) da Escola Secundária Homem Cristo

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